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Entenda os principais obstáculos e a importância de profissionais técnicos na inclusão de alunos com necessidades específicas na rede pública de ensino

 

por Deborah Fasanelli e Helio Brasileiro

 

O termo inclusão é bastante abrangente, e hoje focaremos na inclusão na educação, que já é suficientemente complexa. Quando falamos da inclusão de alunos com necessidades específicas, estamos na interseção de diversas vias.

A primeira delas é a do próprio estudante, que precisa estar apoiado em um tripé: família, escola e corpo clínico-terapêutico. De maneira geral, na rede pública de ensino, muitos familiares nem compreendem como ajudar alunos com dificuldades de aprendizagem. Não sabem se é algo intrínseco ou extrínseco, transitório ou permanente, se é apenas uma adaptação à metodologia ou didática ou um transtorno. E quem pode ajudá-los nisso?

Já a escola enfrenta duas situações: a dos alunos com diagnósticos e os sem “laudo”, evidenciando a necessidade de avaliação. Para os que já possuem um relatório técnico, há necessidade de adequação atitudinal, ambiental, física, metodológica e de material pedagógico. Quem dá respaldo para que tudo isso seja instaurado?

Para os que não têm, quem faz essa triagem no âmbito escolar de maneira assertiva e direciona para uma investigação técnica? E, por fim, se o aluno já tem um corpo clínico-terapêutico que o atende, como fazer a ponte entre todos estes nichos para que a aprendizagem aconteça?

A resposta para todas essas perguntas é simples: um profissional técnico para atender essa demanda, seja ele um psicopedagogo, neuropsicopedagogo ou psicólogo institucional com experiência em educação especial e inclusiva.

Salientamos que a escola necessita de um profissional que faça todas as peças da engrenagem funcionar, mas e o fator humano? E o professor? Qual o papel do principal agente deste mecanismo em prol de quem aprende? Sim, ele tem uma participação ativa, pois a própria LDB garante que mesmo sem diagnóstico as necessidades específicas dos alunos precisam ser atendidas. Se a educação é para todos, o professor também é professor de todos. Apesar disso, o professor está preparado para receber de fato esses alunos? E por que não dizer, esses alunos? Sim, porque às vezes são diversos em uma sala já lotada. Preencher relatórios e anexos sem efeito prático só torna o trabalho do professor ainda mais desgastante no cenário atual.

É claro que existem situações que exigem especializações para atendimento, como salas de recursos e atendimento educacional especializado, para um nivelamento de conteúdo funcional ou trabalho com metodologia assistiva ou suporte como ledor, tradutor ou acompanhante terapêutico, dependendo do nível de suporte e assistência. Além da LDB, temos muitas outras leis que são utilizadas como instrumentos dessa inclusão. Entretanto, percebe-se muita diferença entre as instituições particulares e públicas, e não estamos falando de recursos financeiros, pois as redes municipais, estaduais e federais também recebem seus repasses. Todavia, muitos diretores e coordenadores não estão familiarizados com a burocracia para que esse dinheiro chegue até as unidades.

E mais uma vez eu pergunto: onde está o profissional técnico para ajudar nestas demandas? Quantas escolas têm realmente psicopedagogos, neuropsicopedagogos ou psicólogos para que a legislação seja cumprida? E vamos ao modelo mais promissor: quando há o profissional técnico para auxiliar os alunos diagnosticados e principalmente os professores com as adaptações necessárias e fazer a triagem dos alunos que indicam investigação, como integrar a necessidade educativa com o setor da saúde? Para onde encaminhar este aluno para avaliação e intervenção? Qual setor de atendimento especializado na área da saúde estará disponível e comprometido com esta demanda? Lembrando que uma avaliação envolve uma equipe multidisciplinar com psicólogos, neuropsicólogos, neuropsicopedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, entre outros.

Se para atender a população geral a espera é imensa, imagine em um elevado número de crianças e adolescentes que gerará uma triagem. Embora isso seja no primeiro momento, justamente porque não há um serviço como esse. Depois do “gargalo” inicial, o fluxo seria contínuo, porém contido, já que os estudantes estariam com seus atendimentos em dia. E o benefício seria geral.

Grandes avanços acontecem para as pessoas com autismo, mas e as demais? TDAH, TOD, DPAC, DI, DV, DA, dislexia, discalculia e tantos outros nesta sopa de letrinhas da área da educação que compete à área da saúde acompanhar. Vemos a luta diária de famílias que só querem que a lei seja cumprida, mas mais do que isso, se todos temos dificuldades e limitações, melhor é olhar as habilidades e potencialidades. Isso só poderemos fazer com acolhimento e ciência para que o resultado final seja o pertencimento.

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