
Até o rato do Sérgio Moro abandonou o barco que afunda do governo Bolsonaro. O substituto no ministério da justiça é o lambe botas André Mendonça. O novo ministro já se declarou “servo” de Bolsonaro e ainda disse que seu líder seria um “profeta”. Realmente, o bolsonarismo se aproxima cada vez mais de uma seita religiosa. Não deveria surpreender muito que este seguidor fanático defenda mortes em nome de seu “messias”: pouco antes de virar ministro da justiça assinou pedido ao STF defendendo a matança sistemática de animais de rua resgatados de maus tratos. O ministro é um assassino de cachorros, gatos e outros animais.
A proposta tira o foco dos verdadeiros problemas.
Uma das justificativas seria reduzir a transmissão da Covid, segundo o fanático, impulsionada pelos animais de rua. Ou seja, para o novo ministro a forma de vencer a pandemia seria matando animais inocentes. Considerando a adoração do ministro ao presidente genocida, fica clara a intenção de desviar o foco da necessidade de isolamento social durante a pandemia. Tudo para defender a infalibilidade de seu “messias”. De repente não é o Bolsonaro que está errado em, quase toda a semana, incentivar que o povo deixe o isolamento social. E sim os animais que estariam, silenciosamente, transmitindo a doença Brasil a fora.
Na verdade, não há evidência científica de que animais sejam fonte de transmissão do novo coronavírus. É verdade que animais podem ser vetores de outras doenças como a leptospirose. Mas nesses casos o que deve ser feito é o diagnóstico e tratamento do animal, e não o seu assassinato!
A banalização do mal: animais viram objetos.
O pedido ainda usa como justificativa o artigo 101 do decreto nº 6.514/08. O texto permite que objetos apreendidos em função de infração ambiental sejam “destruídos”. Ou seja, para o novo ministro André Mendonça, os animais seriam equiparáveis a meros objetos, podendo ser destruídos sem hesitação. O que se tem, na verdade, é um dos elementos do fascismo, a banalização do mal. Os horrores em nome de uma suposta “ordem” sendo justificáveis maquinalmente: mata-se da mesma forma que se desliga um aparelho.
Tais defesas tão macabras, atentam, obviamente, contra a constituição federal. Ela protege os animais e proíbe qualquer prática cruel. Além disso, a Lei nº 9.605/98 determina, de forma explícita, que animais apreendidos em casos de maus tratos devem ser protegidos, garantido o bem estar físico deles.
Outra coisa macabra sobre o pedido assinado, é que ele pede a morte, específica, dos animais resgatados vítimas de maus tratos. Ou seja, justamente animais que já sofreram muito. O redator deste texto não consegue pensar em razão alguma para tal pedido à exceção de requinte de crueldade. Uma necessidade inexplicável de causar mal a seres inofensivos que já foram vítimas de abuso. O redator finaliza o texto com lágrimas nos olhos, esperando que o STF, ao julgar o pedido, não seja tão maléfico quanto foi o atual ministro assassino de cachorros!

Gabriel Junqueira
Gabriel Junqueira é jornalista, ativista e militante do Partido Socialismo e Liberdade. Atualmente estuda Direito e compõe Mandato Popular do Professor Vereador Toninho Vespoli.